Procedimentos Básicos em Enfermagem
A vivência do processo saúde-doença é profundamente enraizada nos valores, crenças, práticas e experiências individuais e coletivas. Na perspectiva de Leininger, o processo saúde-doença é influenciado pela cultura, e as ações congruentes devem considerar as diferenças entre a cultura profissional e pessoal dos envolvidos no cuidado. Compreender o contexto cultural do paciente permite identificar aproximações entre o cuidado popular e profissional, promovendo o compartilhamento de saberes e uma assistência mais eficaz e respeitosa.
O cuidado culturalmente congruente envolve a interação entre o sistema de saúde popular e os profissionais de saúde. O sistema popular abrange conhecimentos e práticas desenvolvidos pela comunidade, transmitidos de geração em geração, enquanto o sistema profissional é organizado por profissionais de saúde. A enfermagem deve usar ações de cuidado que preservem, negociem ou repadronizem essas práticas, sempre em busca do bem-estar e da autonomia do paciente.
A assistência à saúde tradicionalmente segue o modelo biomédico, focado na doença e na cura a partir de parâmetros biológicos, muitas vezes negligenciando os determinantes psicossociais e culturais. Ao buscar conhecer os saberes e práticas dos pacientes no cuidado com feridas, aproxima-se da perspectiva dialógica de Freire, onde todos os indivíduos possuem saberes valiosos provenientes de suas experiências concretas.
As feridas podem ser causadas por fatores extrínsecos, como incisão cirúrgica ou trauma, e por fatores intrínsecos, como infecções. A cicatrização é um processo dinâmico e fisiológico que busca restaurar a continuidade dos tecidos. Conhecer a fisiopatologia da cicatrização e os fatores que podem influenciar esse processo é fundamental para a escolha do tratamento mais adequado.
Além disso, as feridas podem ser classificadas quanto à causa, ao conteúdo microbiano, ao tempo de cicatrização, ao grau de abertura e à duração. A enfermagem desempenha um papel vital na avaliação, tratamento e monitoramento de feridas, garantindo que cada paciente receba um cuidado personalizado e eficaz. Através de procedimentos básicos de enfermagem, como a limpeza adequada das feridas, a aplicação de curativos específicos e a monitorização constante, os profissionais de enfermagem promovem a cicatrização e previnem complicações.
A importância da enfermagem no cuidado das feridas não pode ser subestimada. Esses profissionais não apenas realizam procedimentos técnicos, mas também fornecem apoio emocional e educativo aos pacientes e suas famílias, ajudando-os a compreender e seguir as melhores práticas para a recuperação. A integração do conhecimento técnico com uma abordagem culturalmente sensível e centrada no paciente é essencial para uma assistência de qualidade e humanizada.
Em resumo, os procedimentos básicos em enfermagem no cuidado das feridas envolvem uma compreensão profunda do processo de cicatrização, uma abordagem culturalmente congruente e a aplicação de técnicas apropriadas para garantir a recuperação eficiente e o bem-estar do paciente. A enfermagem, portanto, se coloca como uma peça fundamental na promoção da saúde e na melhoria da qualidade de vida dos indivíduos sob seus cuidados.
- Consulta de enfermagem: realizar consultas de enfermagem detalhadas aos pacientes portadores de feridas, utilizando a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) para avaliar e planejar o tratamento.
- Visitas domiciliares: realizar visitas domiciliares para monitorar o estado das feridas e ajustar o tratamento conforme necessário.
- Solicitação de exames: solicitar exames laboratoriais como hemograma completo, albumina sérica, glicemia em jejum e cultura do exsudato com antibiograma quando necessário.
- Prescrição de tratamentos: prescrever coberturas, soluções e cremes específicos para o tratamento das feridas, seguindo os protocolos padronizados.
- Execução e supervisão de curativos: executar curativos e realizar desbridamento, desde que devidamente preparado. Supervisionar e capacitar a equipe de enfermagem nas técnicas de curativos.
- Orientação a cuidadores: orientar, capacitar e supervisionar cuidadores que participam do cuidado contínuo dos pacientes em domicílio.
- Gestão de insumos: planejar e monitorar o uso dos insumos de curativo, garantindo a disponibilidade adequada e evitando desperdícios.
- Mensurar a lesão quinzenalmente ou sempre que o profissional observar mudanças significativas.
- Registrar a evolução no prontuário eletrônico.
- Repetir exames laboratoriais quando houver suspeita de infecção da ferida (cultura do exsudado com antibiograma); se glicemia maior ou igual a 99 g/dl (glicemia de jejum); se hemoglobina menor ou igual a 10 g/dl (hemograma 30 dias após); se albumina inferior a 3,0 g/dl.
- Registrar as informações relativas ao perfil socioeconômico-cultural do paciente, ao exame clínico, aos achados laboratoriais e àquelas relacionadas à doença de base e à ferida.
- Solicitar hemograma, glicemia de jejum e albumina sérica, Hb glicada quando houver indicação, desde que não haja resultados com período inferior a seis meses.
- Preparação do ambiente: preparar a sala de curativos e os materiais necessários para os procedimentos.
- Recepção e orientação ao paciente: receber os pacientes, acomodá-los de maneira confortável e orientar sobre o procedimento a ser realizado.
- Execução de curativos: realizar curativos conforme a prescrição do enfermeiro ou médico, explicando a técnica e os cuidados subsequentes ao paciente.
- Documentação: registrar no prontuário as características das feridas, procedimentos realizados, queixas dos pacientes e quaisquer intercorrências, comunicando ao enfermeiro quando necessário.
- Manutenção da sala de curativos: manter a sala organizada, realizar a limpeza do instrumental e a desinfecção das superfícies conforme os protocolos estabelecidos.
- Educação e orientação: reforçar as orientações aos pacientes e cuidadores sobre os cuidados em domicílio e participar de atividades de capacitação continuada sobre o manejo de feridas.
- Resolução COFEN nº 0501/2015
- Resolução COFEN nº 159/1993
- Resolução COFEN nº 195/1997
- Resolução COFEN nº 567/2018
Este artigo pertence ao Curso de Cuidados Aplicados às Feridas
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