Área do Aluno


ou



Processo de Reparação Tissular

O processo de reparação tissular é essencial para a recuperação da integridade e função dos tecidos após lesões. Este processo pode ocorrer de duas maneiras principais: através da regeneração ou da cicatrização.

 Regeneração

A regeneração refere-se à capacidade dos tecidos de substituir células mortas por novas células idênticas do mesmo parênquima, mantendo assim a funcionalidade e estrutura original. Este processo é comum em tecidos como as mucosas, o tecido hematopoiético, o tecido adiposo, o fígado e os ossos. A regeneração é ideal porque preserva a estrutura e função originais do tecido, permitindo uma recuperação completa.

Cicatrização

A cicatrização, por outro lado, envolve a substituição do tecido lesionado por tecido conjuntivo vascularizado, resultando na formação de cicatriz. As células substitutas não são do mesmo parênquima, o que leva à perda parcial da funcionalidade original do tecido. A cicatrização é um mecanismo de reparo crítico para áreas onde a regeneração não é possível, garantindo a integridade estrutural do corpo, ainda que com funcionalidade reduzida.

Tipos de cicatrização

A cicatrização pode ocorrer de diferentes maneiras, dependendo da natureza e extensão da lesão:

  • Cicatrização por primeira intenção: ocorre quando há mínima perda tecidual e as bordas da ferida são aproximadas cirurgicamente. Este tipo de cicatrização é rápido e resulta em cicatrizes menores e menos visíveis.
  • Cicatrização por segunda intenção: as bordas da ferida não estão aproximadas, seja de forma intencional ou devido à perda tecidual extensa. A ferida cicatriza através da formação de tecido de granulação e contração tecidual, seguida pela epitelização. Exemplos incluem úlceras e lacerações.
  • Cicatrização por terceira intenção: frequentemente utilizada em suturas infectadas, onde é necessária uma intervenção para drenagem, descompressão ou controle da contaminação. Envolve limpeza, desbridamento e, após a melhoria da ferida, um procedimento para o fechamento final.

Mecanismos gerais da reparação

A reparação tissular envolve uma série de etapas coordenadas:

1. Cessação do estímulo nocivo: a interrupção do agente causador da lesão é fundamental para iniciar a reparação.

2. Formação de coágulo: um coágulo se forma rapidamente, selando a ferida e iniciando a reparação.

3. Reação inflamatória: neutrófilos e macrófagos migram para o local da lesão, removendo exsudatos e restos celulares.

4. Formação de tecido de granulação: a angiogênese e fibroplasia ocorrem, promovendo a formação de novo tecido.

5. Remodelação: o tecido cicatricial se organiza e amadurece, resultando na cicatriz final.

Processos celulares na reparação tissular

O processo de reparo tissular ocorre principalmente através da indução de células lábeis, como fibroblastos, células endoteliais e queratinócitos, para a mitose e a transição de seus fenótipos de células fixas para migratórias. No caso dos fibroblastos, há também uma mudança fenotípica para células contráteis e secretórias, dependendo da etapa do reparo. Para que a mitose e a migração celular ocorram de forma eficaz, é necessária a presença de um substrato sólido que forneça sustentação para as células. Este substrato é construído pela lise de componentes inertes da matriz extracelular, como colágeno, integrinas, actina e fibronectina, e sua subsequente reposição com características novas. Qualquer descontrole no processo de lise pode prejudicar a evolução do reparo tissular.

Regulação da inflamação na reparação tissular

Além disso, células inflamatórias ativadas produzem substâncias, como espécies reativas de oxigênio e nitrogênio, que têm potencial lítico sobre as membranas celulares. Mediadores inflamatórios, como TNFs e TGF-β, podem induzir apoptose das células por meio de receptores de morte. Durante o reparo tissular, alternam-se de forma harmônica momentos em que a lise predomina sobre a reposição celular e vice-versa, o mesmo acontecendo com a apoptose e a indução mitótica.

Para garantir a regulação adequada deste processo, há a necessidade de mecanismos de retroalimentação negativa. A IL-10 é um importante sinalizador negativo da inflamação, desempenhando um papel crucial na limitação e finalização da resposta inflamatória. Além de regular o crescimento e a diferenciação de várias células do sistema imunológico, a IL-10 também afeta queratinócitos e células endoteliais. Estudos demonstraram picos de RNAm de IL-10 em momentos críticos após a lesão, sugerindo a necessidade de modulação negativa da inflamação para um reparo eficiente. Uma das formas de atuação da IL-10 é a inibição da infiltração de neutrófilos e macrófagos nos sítios de injúria tissular, contribuindo para um processo de reparo mais controlado e eficaz.



Este artigo pertence ao Curso de Cuidados Aplicados às Feridas

Faça o Curso completo grátis!!
Cursos Escola Educação © 2014 - CNPJ: 50.389.088/0001-53 - 2024. Todos os direitos reservados