TRABALHO INTERSETORIAL
Muitas vezes a resolução de problemas de saúde requer não só empenho por parte de profissionais e gestores de saúde, mas também o empenho e contribuição de outros setores. Quando se trabalha articuladamente com outros setores da sociedade, aumenta-se a capacidade de oferecer uma resposta mais adequada às necessidades de saúde da comunidade. Por exemplo, você pode suspeitar de um caso de maus-tratos com uma criança após verificar que há marcas e hematomas na pele dela.
Partilhando esse caso com sua equipe, um dos profissionais de saúde verifica no prontuário que a criança é agressiva quando comparece às consultas na unidade e há relato de problemas com o desenvolvimento dela. Sente-se a necessidade de uma visita à casa daquela família e o auxílio de outros profissionais (psicólogo, serviço social etc). Se constatado algum indício de maus tratos, será necessária uma abordagem que extrapole o campo de atuação da saúde com o envolvimento de órgãos de outras áreas, como o Conselho Tutelar e/ou Juizado da Infância.
A intersetorialidade possibilita que ações de outros setores da sociedade colaborem com o setor saúde para alcançar resultados mais duradouros e sustentáveis. E tudo isso pode começar com o seu trabalho ou ser mediado por você! No caso de dúvidas ou desrespeito aos direitos das pessoas com deficiência (situações de discriminação, exclusão escolar, maus-tratos, falta de transporte), podem ser contatados os Conselhos de Direitos das Pessoas com Deficiência do município ou do Estado, entre outros órgãos.
Nos casos de desnutrição infantil, pode-se estabelecer contato com outras instituições e órgãos do governo municipal, estadual e federal, como o Centro Regional de Assistência Social (Cras) ou a Secretaria de Assistência Social do município. Ao identificar pessoas que sofrem de alcoolismo entre as famílias que você acompanha, além das ações que deverão ser desenvolvidas por você e pela equipe, é importante que essa pessoa e sua família sejam orientadas a procurar um Grupo de Alcoólicos Anônimos ou outro grupo de apoio que exista em sua comunidade.
Você, com o apoio da sua equipe de saúde, deve estimular ações conjuntas com outros órgãos públicos e instituições, de preferência em acordo com as prioridades elencadas nas reuniões comunitárias. Em determinada comunidade, a prioridade pode ser a implantação de infraestrutura básica (água, luz, esgoto, destino do lixo, rampas para cadeiras de rodas, sinais sonoros em semáforos para as pessoas com deficiência visual); já em outra, pode ser a construção de uma unidade de saúde, de uma creche comunitária, de uma escola, a recuperação de poços, pequenas estradas e muitas outras necessidades.
O Ministério do Desenvolvimento Social coordena o Programa Bolsa-Família, que visa combater a fome, a pobreza, as desigualdades, promovendo a inclusão social das famílias beneficiárias. Por meio do Bolsa-Família, o governo federal concede mensalmente benefícios em dinheiro para famílias mais necessitadas. Faz parte do seu trabalho o acompanhamento de todas as gestantes e crianças menores de sete anos de idade contempladas com o benefício do programa. Os compromissos dos beneficiários são:
Gestante:
Fazer inscrição do pré-natal e comparecer às consultas, conforme o preconizado pelo Ministério da Saúde;
Participar de atividades educativas sobre aleitamento materno, orientação para uma alimentação saudável da gestante e preparo para o parto.
Mãe ou responsável pelas crianças menores de sete anos:
Levar a criança à unidade de saúde para a realização do acompanhamento do crescimento e desenvolvimento, de acordo com o preconizado pelo Ministério da Saúde;
Participar de atividades educativas sobre aleitamento materno e cuidados gerais com a alimentação e saúde da criança;
Cumprir o calendário de vacinação da criança, de acordo com o preconizado pelo Ministério da Saúde.
As ações de saúde que fazem parte das condicionalidades do Programa Bolsa-Família, descritas acima, são universais, ou seja, devem ser ofertadas a todas as pessoas que procuram o Sistema Único de Saúde (SUS).
Este artigo pertence ao Curso de Agente Comunitário de Saúde
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