VÍCIOS DE LINGUAGEM PARA EVITAR DURANTE A APRESENTAÇÃO
1. PROLONGAMENTOS
Ãah, éééh… Essas são vogais ditas de maneira prolongada para preencher o vazio entre uma palavra e outra. Deve-se evitar fazer prolongamentos, pois eles quebram o ritmo da apresentação, podem sinalizar falta de domínio do assunto ou falha no planejamento. Para evitar prolongamentos ou “brancos”, ensaie a apresentação e planeje como será feita a transição entre as ideias.
2. ESTEREÓTIPOS DE APOIO
“Né”, “tá”, “ok”, “certo” são alguns exemplos de expressões típicas da comunicação oral, mas que, se faladas repetidas vezes em uma apresentação em público, tornam-se estereótipos de apoio e passam a chamar mais atenção do que a própria mensagem (provavelmente, as pessoas contarão quantos “nés” o apresentador falou, mas não saberão resumir o conteúdo da mensagem apresentada).
Qualquer palavra usada repetidamente, a cada começo ou fim de frase, vira um estereótipo de apoio. Pode ser “aí”, “assim”, “tipo assim”, “no caso”, “então”. Preste atenção na sua fala no dia a dia para evitar qualquer repetição excessiva durante uma exposição em público.
3. VÍCIOS DE LINGUAGEM
– Gerundismo: construções como “vou estar falando” ou “estarei falando” (sentido de futuro) são usos errados do gerúndio. Troque por “vou falar”, “falarei”. O gerúndio só pode ser utilizado se indicar uma ação contínua, no presente: “estou fazendo um treinamento”.
– “A nível de”: essa combinação de palavras está errada. Em vez de dizer “o problema é a nível de qualidade”, diga “o problema é de qualidade” ou “o problema é do setor de qualidade”.
– “Onde”: só pode ser usado para se referir a lugares, como em “a cidade onde moro”, “a empresa onde trabalho”. Cuidado com frases como “o problema de crédito pessoal foi identificado onde deve ser resolvido”. Nesse caso, “onde” está sendo usada de maneira incorreta, pois não se refere a um espaço físico.
– Futuro do pretérito: use “seria”, “faria”, “indicaria” se estiver se referindo a algo hipotético. Há quem diga “minha apresentação seria sobre meio ambiente” ou “vou falar sobre o que seria um sistema de informática”, quando o correto é “minha apresentação é sobre meio ambiente”, “vou falar sobre o que é um sistema de informática”. Afinal, não há hipóteses nessas frases e sim certezas.
4. ERROS GRAMATICAIS
Um apresentador que comete erros gramaticais, principalmente no uso das concordâncias verbais e nominais, pode passar uma imagem negativa ao público: a de que não domina a língua portuguesa. E, como a forma de usar as concordâncias é um indicador de nível de instrução, a credibilidade do apresentador pode ser colocada em xeque. Não deixe de revisar também os conteúdos escritos (slides, banners) que podem ser usados na apresentação.
5. PALAVRAS IMPRECISAS
– “Coisa” e “cara” são exemplos de palavras ditas frequentemente em apresentações – das mais formais às mais informais. São termos genéricos e bastante usados no dia a dia, mas passam uma imagem de extrema informalidade e generalizam a informação. Evite se referir a um projeto, uma ideia, como “uma coisa” ou falar sobre um cliente, um colaborador ou um diretor como “o cara”.
– “A gente/nós”: sempre especifique a quem se refere o “a gente” ou o “nós”, complementando a informação: “a gente que faz muitas apresentações”, “a gente da área de qualidade”, “nós da área de RH”. Dessa forma, o receptor sabe a que se refere o “a gente”, o “nós”, caso contrário, a mensagem pode se tornar ambígua e imprecisa.
– Diminutivo: o uso desse recurso pode significar a infantilização ou o desprezo em relação a uma ideia: “esse processinho”, “essa listinha”, “essa equipezinha”. Como infantilizar ou menosprezar uma informação não é valorizado em uma comunicação em público, evite usar o diminutivo.
Saber as causas dos vícios de linguagem também nos ajuda a evitá-los. Segue abaixo algumas causas principais.
– Desconhecer as regras gramaticais;
– Convivência com pessoas que já possuem vícios de linguagem;
– Má preparação para falar em público;
– Hábito de preencher o Vazio;
– Vocabulário Pobre;
– Não organizar sua matéria de forma lógica, para facilitar o proferimento;
– Improviso mal elaborado ao falar em público.
Talvez apenas por ler estas causas, sua mente já imaginou várias formas de começar a combatê-las. E, como evitar os vícios de linguagem? A ciência reconhece, a cada dia que passa, os incríveis benefícios que a leitura traz para o desenvolvimento mental. E um dos benefícios é ajudar a corrigir maus hábitos de linguagem. Mas como assim?
A pessoa que lê regularmente se acostuma a pensar e se expressar de modo correto. Entendeu a lógica? Parece mais comum errar falando do que errar escrevendo. E os livros sérios evitam ao máximo cometer erros na escrita. Portanto, alimentando a mente com estes corretos padrões, logo eles estarão presentes em sua fala também!
Para começar, reserve 15 minutos por dia para fazer uma boa leitura (de preferência em voz alta). Procure fazer desses 15 minutos um hábito, por não falhar em cumprir este compromisso. Preste atenção na construção de cada frase. Também escolha um ambiente com pouca ou nenhuma distração. O livro não precisa ser acadêmico. Fique a vontade para ler algo que você goste, talvez até uma ficção científica ou um romance policial.
O maior segredo por detrás dessa técnica é que os padrões gramaticalmente corretos da linguagem escrita serão familiares para você. E, com este poder, sua linguagem falada irá refletir esses padrões. Isto, por consequência, diminuirá consideravelmente a possibilidade de erros.
A precipitação em falar causa diversos erros na linguagem. Então, é importante aprender a raciocinar antes de falar. E como podemos fazer isso? Primeiramente, saiba que não é feio falar pausadamente. Muito pelo contrário, o uso correto de pausas é uma importante técnica de oratória. Acostume-se com o silêncio das pausas. Isso não significa que elas devam ser tão longas a ponto de deixar seu discurso monótono. Significa que elas terão o seu lugar, farão sua palestra respirar e te ajudarão a evitar erros.
É claro que o ensaio também é importante nesse aspecto. Mas quando se acostuma a raciocinar antes de falar, o resultado é que as ideias sairão completas, eliminando a suposta necessidade de preencher o vazio. É certo que muitas falhas na linguagem falada se devem a um pobre vocabulário. A ausência de opções de palavras faz com que os erros aflorem.
O passo abordado anteriormente, a leitura, pode ajudar bastante, pois quanto mais se lê, mais se aprende palavras. Como passo adicional, comece a prestar atenção a palavras que você desconhece e use-as no dia a dia. Mas para usar palavras novas, deve-se primeiro conhecer seu significado. Então, seja amigo do dicionário. Sempre que ler ou ouvir uma palavra nova, procure seu significado e incorpore esta palavra no seu vocabulário. Conheça e use termos conectivos de ideias, como por exemplo: “mas, então, porém, no entanto, todavia, portanto, entretanto, em vista disto”, e assim por diante.
Uma palavra de cautela: certas palavras caíram em desuso. Cuidado para não começar a ter uma linguagem que ninguém conhece (por ser antiga ou desconhecida) ou antiquada para os dias atuais. A gíria faz parte da cultura de uma geração. Podemos definir gíria como “um acidente linguístico”, ou seja, uma palavra usada apenas em caráter popular. Pode ser uma palavra que literalmente não significaria o que a pessoa realmente quis dizer. Maneirismos são expressões de estilo próprio de algumas pessoas, composta de palavras nem sempre incorretas, porém de uso repetitivo. Às vezes são “frases feitas”.
Não precisamos ser muito rígidos quanto a definir gírias e maneirismos, pois o significado de um pode ser parte do outro. Ambos são extremamente comuns nas conversas informais entre amigos e nas interações sociais em geral. Porém, quando seu uso é extremo, as gírias e maneirismos começam a sair em ambientes em que não são apropriadas. O segredo é não se acomodar. A preguiça de pensar faz com que usemos a gíria como muleta. Mas como comunicadores, precisamos desenvolver a arte de falar, se fosse preciso, sem usar nenhuma gíria. Isto leva treino e esforço consciente.
Não precisa usar a linguagem extremamente séria e formal enquanto estiver tomando cerveja com seus amigos. Em contrapartida, não abuse tanto das gírias e maneirismos como se não soubesse se comunicar sem elas. Tomar esses cuidados com sua comunicação não significa que você não usará, em hipótese alguma, as gírias e maneirismos ao falar em público. Desde que sejam singelos, respeitosos e usados com moderação, podem até fazer parte de uma estratégia de oratória (ênfase, por exemplo). O grande segredo é dosá-los com equilíbrio e bom senso, para que eles não se tornem um vício de linguagem.
Este artigo pertence ao Curso de Oratória e Apresentação em Público
Faça o Curso completo grátis!!