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Atuação no Campo Familiar

A família é uma das instituições mais importantes para a humanidade, além de ser um pilar essencial para a formação humana e social.

[...] “não é possível falar de família, mas sim de famílias”, a fim de incorporar dentro desta concepção os diferentes arranjos familiares existentes em nossa sociedade. (SILVA, 2005, p. 21)

Na sociedade contemporânea está mais frequente novas configurações de família e elas surgem das transformações na sociedade proveniente também das mudanças nas estruturas políticas, econômicas e sociais. Visto que, com a introdução do Neoliberalismo, houve pouca intervenção do Estado na economia, com objetivo de ter avanços no capital financeiro, então foi aprovado a lei do divórcio em 1973, além da inserção da mulher no mercado de trabalho, aplicação de métodos contraceptivos, precarização do trabalho, trabalho infantil e a comercialização de educação, entre outras questões sociais que, juntas ou individualmente, causaram alguns “atrados” nas políticas sociais que influenciam diretamente as organizações de família, por exemplo, antes a função da instituição família era procriar, atualmente não é o foco.

Ainda há discussões sobre os direitos sociais, porém isso com um foco nas políticas sociais restritas, visto que o Estado tramita suas ações para outras áreas sociais e mercadológicas. Então, para adaptação da instituição família nas novas formas de pensar e socializar na compreensão do que é família, foi optado por se organizar de acordo com as condições de sobrevivência, não dependendo exclusivamente de uma única maneira de organização familiar.

De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), sobre os modelos de família na atualidade, podem-se definir como: unipessoal, monoparental, extensa, homoafetiva e nuclear. Porém, ainda não é possível afirmar que as famílias que “fogem” do padrão heteronormativo são aceitas, visto que ainda está enraizado na sociedade uma ideologia e estrutura usada há anos também como ferramenta de opressão social. “não podemos deixar de considerar as questões históricas porque a família passa mediante a forma de se organizar”.

Em contexto contemporâneo, a instituição família brasileira é cercada por diversas problemáticas e desafios presentes no cotidiano, por exemplo, violências, desemprego, pobreza, drogas, dependência química, entre outras.

Antes da criação do Movimento de Reconceituação, os profissionais do serviço social tinham uma atuação mais ativa nas comunidades e movimentos sociais, e a família como instituição foi trabalhada de forma superficial. Depois desse movimento, o Serviço Social passou a se abrir para outras tendências, seja ela funcionalistas, fenomenológica ou dialética, mas aberta principalmente para as análises críticas provenientes das correntes marxistas e socialistas.

Ainda não existe uma política específica para atenção à família, porém se insere dentro de outras políticas de forma subdividida, como nas políticas de saúde, políticas de educação e políticas de habitação.

No Art. 226 da Constituição Federal Brasileira, reconhece a importância da família em todo o contexto social do indivíduo e isso é reafirmado nas legislações específicas de assistência social, como no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), no Estatuto do Idoso e na LOAS (Lei Orgânica da Assistência Social).

Problemáticas relacionadas às famílias estão presentes em todas as profissões, porém poucos profissionais são aptos para trabalhar no contexto de relações familiares e dentro das diversas mudanças que ocorrem nas estruturas familiares constantemente.

O profissional do Serviço Social, mediante definições do Conselho Nacional de Saúde, é uma das partes que integram as equipes do SUS (Sistema Único de Saúde) e devido a formação, o assistente social acolhe, dialoga, análise e oferece condições melhores para a qualidade de vida dos usuários, tornando-os profissionais que irão reforçar os papéis que facilitam as relações familiares.

O assistente social enfrenta alguns conflitos dentro dos projetos ético-políticos hegemônico, que é trabalhar com as questões e exigências imediatas, como as dores, sofrimentos, vulnerabilidade, morte, falta de boas condições de trabalho, etc. sem que os façam perder as perspectiva de condições melhores a médio ou longo prazo.

A Lei nº 8662 de 07 de junho de 1993) é a lei que regulamenta a profissão de assistente social, além de ser conceituada e ter atribuição profissional presente no Art. 4º “elaborar, coordenar, executar e avaliar planos, programas e projetos que sejam no âmbito da atuação do serviço social com participação da sociedade civil”. Já a educação, é uma política pública que o assistente social se enquadra, reforçando que o serviço social está no cenário educacional e tem maior possibilidade de contribuir no incentivo e realização de diagnósticos sociais, oferecendo alternativas positivas para as questões sociais que muitas crianças e adolescentes buscam por mudanças, além desses profissionais buscarem por recursos que diagnosticam os fatores sociais, culturais e econômicos determinantes de processos que afligem o campo da educação e no contexto de encaminhar para serviços sociais e assistenciais necessários para toda a família.

Segundo (CAMPOS, DAVID, 2010), a função do serviço social teve maior imersão mediante os interesses de compreender as dificuldades de cada estudante dentro do seu contexto social, e não apenas como uma questão que foi observada pela professora em sala de aula, mas sim observando as origens desses problemas, das quais muitas vezes tem relação com a família.

“[…] conjunto das desigualdades sociais engendradas na sociedade capitalista madura, impensáveis sem a intermediação do Estado. Tem sua gênese no caráter coletivo da produção contraposto à apropriação privada da própria atividade humana – o trabalho -, das condições necessárias à sua realização, assim como de seus frutos. É indissociável da emergência do ‘trabalhador livre’, que depende da venda de sua força de trabalho como meio de satisfação de suas necessidades vitais. A questão social expressa, portanto, disparidades econômicas, políticas e culturais das classes sociais, mediatizadas por relações de gênero, características étnico-raciais e formações regionais, colocando em causa, as relações entre amplos segmentos da sociedade civil e o poder estatal”. (IAMAMOTO, 2007. p.16,17).

Ou seja, não apenas para o setor de serviço social, mas como muitas outras profissões, tratar de assuntos sobre “família” não é algo desconhecido e também há intervenções nas dinâmicas. Contudo, são poucos profissionais aptos para desenvolver trabalhos e apresentar soluções para os problemas que permeiam as relações familiares e as mudanças que acontecem em todas as estruturas familiares há muitos séculos.

É comum que, atualmente, as propostas de intervenções para as problemáticas familiares sejam desenvolvidas apenas para atendimentos diretos. Isto, para tratabilidade de problemas sobre famílias, não há considerações específicas para cada subáreas dentro de setor, não há muitos planejamentos estratégicos para políticas sociais para articular e unir serviços para o campo familiar.

É um tanto complexo e difícil abordar os problemas nesse setor, principalmente por parte de estruturas e órgãos sociais que não compreendem os avanços e mudanças no conceito do que é família e de como são as famílias contemporâneas, então para o profissional encontrar mecanismos para solucionar os problemas, pode ser necessário também se envolver com outras problemáticas culturais, éticas, políticas, econômicas e sociais.

Outro ponto nesse setor que a presença do assistente social se faz indispensável é sobre objeções relacionadas à pobreza e falta de oportunidades para alcançar o básico para uma vida digna. A escassez do básico para sobrevivência contribui para um bloqueio social do indivíduo, impedindo-o de expressar suas opiniões e os tornando submissos às estruturas e organizações que não os ajuda na mudança de vida, muito menos incentiva que ele ocupe os espaços que são dele por direito.

Isso contribui para uma falta de protagonismo na história pessoal e social, e que contribui para situações de exclusão durante muitos anos. Visto que, muitas vezes o que esse cidadão tem como acesso seja uma cultura de proibições e de obediência a ordens de regresso e nunca para o cumprimento de uma cidadania que permite usufruir os direitos e expor suas necessidades e visões sociais, pois ao fazer poderiam ser punidos de alguma forma.

É necessário que o assistente social que decide trabalhar no campo familiar busque ter uma postura sócio-educativa. Isto é, que promova ações que permitam uma relação horizontal, com trocas transparentes, e que o profissional sempre lembre que as realidades e dinâmicas familiares são diferentes, então que respeite a individualidade e subjetividade de cada membro. Vale ressaltar que as dimensões técnicas do setor não permite que o profissional tenha decisões ou escolhas de condutas, pois isso é uma decisão da família ou do membro específico.

Ou seja, os conhecimentos e valores morais do profissional não devem ser base para julgamento das questões das famílias que está trabalhando, mas o pilar deve ser medidas sócio-educativas e culturais que podem excluir essas ações moralistas, e fortalecer a democratização de informações, além de oferecer um atendimento claro e empático para resolução ou cuidado das questões.

O assistente social em ação deve ter uma comunicação transparente e acessível, em que permita ao indivíduo a compreensão de suas soluções, além de se sentirem ouvidos e abertos para ter uma troca com o profissional, fazendo perguntas, apresentando detalhes da história e demonstrando que confia no trabalho do assistente. A comunicação com a família deve contribuir para o desenvolvimento de mecanismos e reflexões que ajudarão na análise e discussão, ou seja, o profissional também atuará como um mediador da causa até a resolução dos problemas.

O assistente social também pode ser apresentado a um desafio de como lidar com questões dramáticas dentro dessas famílias, será necessário uma atenção exclusiva no momento, de modo que os membros percebam o apoio e também contribua no enfrentamento dos desafios e nas estratégias propostas pelo profissional para que obtenham uma condição melhor.

Com isso, percebe-se que o profissional nesse campo familiar que irá trabalhar diretamente com a família, que ele precisa ter um bom direcionamento das políticas sociais. Isto é, se o desejo do profissional é ter políticas que atendam de fato as necessidades da família, é importante que as práticas desse profissional sejam não apenas competentes no quesito de atender os membros, mas também fazer desse processo cotidiano uma prática investigativa e solucionadora.

Essas ações investigativas ajudarão a implementar e avaliar as políticas e os programas sociais vigentes e se de fato atendem às necessidades ou propor a formação e desenvolvimento de políticas sociais que atendam à realidade. Assim, essas análises podem ser ferramentas muito importantes em caso de necessidade de contrapor alguma proposta para a família ou que de alguma forma atinja de forma negativa a autonomia e o bem-estar dessa família.

O profissional de Serviço Social é um dos principais que auxiliam para conseguir controlar e resolver as questões presente no âmbito familiar, é o assistente que busca as melhores oportunidades e possibilidades para resolver cada demanda. Dessa forma, a família consegue lidar de uma forma melhor com esses problemas e ter um convívio e sobrevivência menos turbulenta.



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