A presença do pedagogo no ambiente hospitalar representa um avanço significativo para a educação. Como vimos anteriormente, ao oferecer esse tipo de atendimento, os alunos conseguem se desenvolver em diversos aspectos como emocionais, sociais e cognitivos, mesmo estando em um ambiente diferente do tradicional.
No entanto, este trabalho também é repleto de desafios e tarefas difíceis que devem ser cumpridas para desenvolver as ações pedagógicas de acordo com a necessidade de cuidados de alta qualidade. Apesar de os direitos à saúde e à educação terem sido estabelecidos por lei, a prática do ensino em ambiente hospitalar permanece repleta de dificuldades que devem ser superadas.
Isso deve ser feito tanto no que se refere à organização do próprio ambiente para que possa contribuir significativamente para o desenvolvimento do processo de aprendizagem, bem como em termos de políticas educativas que privilegiam a preparação dos alunos para as carreiras hospitalares e o desenvolvimento profissional contínuo.
Para garantir que os resultados do trabalho do pedagogo hospitalar sejam benéficos e auxiliem na recuperação da criança e do adolescente hospitalizados, essa profissão exige que eles combinem uma variedade de habilidades, bem como desenvolvam novas ao longo de suas carreiras.
Nesse sentido, a ampliação do conhecimento de materiais instrucionais, métodos, estratégias e recursos instrucionais, bem como aspectos emocionais acontecem com muito tempo de estudo e dedicação prática. Essa área de ensino necessita de uma postura diferenciada do profissional, pois afeta diretamente a vida do aluno ou paciente enquanto estiver sob sua responsabilidade. (SILVA, 2017)
Outro desafio para os educadores é dominar conhecimentos adicionais relacionados à saúde que devem ser somados aos seus conhecimentos já existentes, pois as condições de aprendizagem estão diretamente relacionadas às condições de saúde do aluno. Como resultado, os educadores devem estar bem-informados sobre os aspectos psicológicos, emocionais, físicos, e até mesmo condições fisiológicas de seus alunos para planejar seu trabalho de forma eficaz e benéfica.
Portanto, essa profissão também exige o desenvolvimento de metodologias e práticas de ensino distintas daquelas utilizadas no ambiente escolar. Também exige o planejamento cuidadoso de intervenções centradas no paciente e no aluno, bem como estratégias de instrução que levem em consideração o contexto clínico e as oportunidades educacionais (MUNIZ; TEIXEIRA, 2020).
Um dos desafios principais para os pedagogos hospitalares que não pode ser negligenciado é o fato de que nem sempre os alunos se envolvem e se tornam motivados a aprender a ler e escrever, ou porque nem sempre o professor se compromete com essa tarefa crucial de alfabetizar de forma a garantir que o aluno retenha essa habilidade.
Muitas vezes, o contrário acontece após a formalização do ensino da língua escrita, pois a criança acaba perdendo todo o entusiasmo pela aprendizagem em função da forma como a leitura e a escrita lhe são apresentadas. A esse respeito, Antunes (2007, p. 83) apresenta argumento que demonstra que a aprendizagem nessa concepção começa a se distanciar dos domínios do desejo, da curiosidade, da fantasia e da dimensão simbólica, definindo uma concepção árida e empobrecida de aprender e ensinar. Essa nova compreensão da aprendizagem pode, às vezes, fazer com que as crianças percam a motivação e o interesse em aprender a ler e escrever. Ferreiro (2001, p.69) destaca a dificuldade de localizar educadores e pesquisadores capazes de compreender todo o trabalho desleixado envolvido nas obras escritas que vêm antes (FELLER; VARGAS, 2008).
Embora seja exigido por lei que as crianças recebam supervisão pedagógica nos hospitais e que haja professores disponíveis para realizá-la, os hospitais em geral, públicos ou privados, têm feito muito pouco para que as crianças hospitalizadas continuem seus estudos, com poucas notáveis exceções que têm se concentrado no atendimento das necessidades biopsicossociais dessa categoria.
Poucas organizações públicas, educadores e a sociedade como um todo reconhecem esses espaços educacionais como forma oficial de instrução em nosso país, pois poucas secretarias de educação implementam regularmente práticas educativas em hospitais, garantindo seu apoio e assistência.
Responsabilidade hospitalar
A classe hospitalar é uma das modalidades de atuação mais vistas no Brasil. A primeira classe hospitalar do Brasil foi criada em 1950 no Rio de Janeiro na Escola Hospital Menino Jesus, que tem seu funcionamento até os dias atuais. Desde então, este serviço tem vindo a crescer, embora muito lentamente.
Embora esse número não seja exato, de forma geral existem quase 7.000 hospitais em nosso país e apenas algumas classes de hospitais, portanto, esse tipo de atendimento médico é prestado em hospitais e casas de apoio, tornando-se um diferencial da educação especial.
Segundo pesquisa da Revista da Sociedade Brasileira de Enfermeiros e Pediatras (10 de dezembro de 2015), o mais recente levantamento das classes hospitalares do país foi realizado em 2005. Segundo mais informações apresentadas, registrou que apenas 99 hospitais possuem classes hospitalares instaladas, distribuídas por região, sendo: 7 no Norte; 10 no Nordeste; 18 no Centro-Oeste; 47 no Sudeste e 17 no Sul.
A maior parte desse tipo de atendimento é consequência de um convênio entre as secretarias estaduais de educação e saúde, embora existam turmas hospitalares como resultado de iniciativas de entidades sem fins lucrativos e universidades. Mesmo sendo poucos, já estão acontecendo e justificando sua existência graças à dedicação e profissionalismo de um grupo de idealistas.
O hospital, as crianças, a família e a equipe de profissionais ligados à educação e à saúde precisam da classe hospitalar. Sua criação é social e é vista com serenidade, oferecendo um fazer pedagógico de exercícios a fazer espaço inovador. Por isso, um dos desafios para a área é o incentivo dos próprios hospitais na criação de classes hospitalares para o oferecimento desse atendimento para os pacientes.