Hábitos e Tradições
De hábitos tradicionais, os gregos acham natural comerem, cada um com seu garfo, de um mesmo prato com bolinhos ou salada, por exemplo. Nas refeições principais, isso já não acontece. Tudo é temperado com muito azeite, considerado o melhor e mais saudável do mundo.
Várias publicações médicas, em revistas de cardiologia, associam o consumo do azeite grego e vinho em pequenas quantidades, como alimentação preventiva a doenças cardíacas, pois fazem aumentar apenas o chamado colesterol bom. Tanto que a ilha de Creta é o local do mundo de menor incidência de doenças coronarianas, apesar de ser um dos povos que mais fumam.
Qualquer bebida tem que vir acompanhada de algum petisco. Aliás, os gregos são especialistas em mezédes, pequenas porções de muitas coisas deliciosas, degustadas no almoço (antes das refeições) ou no final da tarde. Podem ser patês para comer com pão: de berinjela (melitzanosalata), coalhada com pepino e alho (tzatziki) ou de ovas de peixe (taramosalata); tomates, abobrinhas, pimentões e berinjelas recheados (gemisto) com carne e molho; bolinhos de polvo ou de carne (keftedes); queijo grelhado à milanesa (saganaki); frutos do mar (lulas, camarões, polvo, mariscos) e pequenos peixes fritos; charutinhos de folhas de uva (dolmadakia) quentes ou frios, servidos ou não, com um saboroso molho de ovos com limão (avgolemono) e, claro, a salada grega chamada de xoriátika (tomates, pepinos, finas fatias de cebola, azeitonas, pimentão verde e uma fatia de um forte queijo de cabra, o feta, temperada com orégano).
Os ouriços do mar, que os gregos dizem que são afrodisíacos, também são servidos nas ilhas, sobretudo no horário do pôr-do-sol, temperados com azeite e limão, junto com outros mezédes. Os mezédes, tão tradicionais na Grécia, em geral, são servidos com a bebida típica grega, o ouzo (pronuncia-se uzo), um destilado transparente de uva com anis, bastante forte, que pode ser bebido puro ou com gelo e água (quando se torna de cor leitosa), ficando muito refrescante.
Por isso, os locais onde se comem os melhores mezédes são chamados de ouzerias. Apesar disso, muitos gregos preferem o tsipouro ou o raki , também destilados de uva porém, mais puros e com menos sabor de anis. Mas ninguém vai se importar se preferir uma cerveja bem geladinha.
Os queijos gregos são deliciosos. Alguns, são famosos em todo o mundo, como o Feta (feito de leite de cabra) e o Graviera; outros de produção caseira e local, de determinados lugares, tem um paladar diferente e são muito saborosos. Os queijos de Metsovo são especiais, principalmente os defumados, que são servidos derretidos para comer com pão ou em crepes. Nas ilhas é comum se encontrar queijos deliciosos e típicos como o Graviera de Creta, o Kayseri e o Kefalotyri.
A Grécia Clássica era relativamente austera no que diz respeito aos prazeres da mesa mas o vinho representou um papel importante em sua civilização. Os gregos, grandes comerciantes, propagaram esse néctar por todo o Mediterrâneo e, a par das suas inclinações artísticas e intelectuais, o vinho os tornou sobejamente conhecidos no mundo antigo. Bravos consumidores, para os gregos qualquer refeição que se prezasse, mesmo a mais humilde, tinha que ser convenientemente regada com os calorosos vinhos da Trácia, de Tassos, ou de Quios. Não mudou muito até hoje.
Os vinhos gregos são de ótima qualidade e diferem-se a cada região. Entre os brancos, são famosos os de Santorini, alguns premiados na Europa, com suas uvas assyrtiko, athiri e aidani, cultivadas em solo vulcânico. Em Limnos, Rodes e Patra destacam-se os moscatos e em Kefalonia, o moscato e o robola. Os tintos mais famosos são de Nemea, Creta, Naussa, Rodes, Paros e todo o norte da Grécia. Os doces, para aperitivo ou sobremesa, também chamados de vino santo, são maravilhosos, como os de Samos, Patra, Santorini e Limnos.
Os antigos gregos sabiam produzir o vinho, mas tinham dificuldades em mantê-lo sadio durante muito tempo. Uma das soluções encontradas, foi de misturar algumas resinas ao vinho. Esse hábito culinário da Grécia Clássica sobrevive no vinho mais típico e mais popular da Grécia, o Retsina.
Tradicionalmente aromatizado pela resina do pinheiro, o Retsina é um vinho diferente, diante do qual é difícil ficar indiferente: é gostar ou detestar. Quando fresco é suave e parece um branco leve, apesar da maior graduação alcoólica.
No engarrafado, sobressai mais o gosto de resina da madeira do barril e assume um paladar diferente. Beba-o muito bem gelado na praia, ou à tarde como aperitivo. Muitos Retsinas são de fabricação caseira. Alguns gregos o misturam com club soda ficando parecido com um espumante refrescante.
Igual a todos os outros países europeus, existem na Grécia muitas cafeterias, e o café é uma mania grega tão notada como a brasileira. Pode ser tomado forte, feito à maneira árabe com muito pó sedimentado no fundo da xícara ou, no calor intenso do verão, gelado, como um frappé , batido puro, com leite, com o licor Baileys ou com sorvete de creme. Vem sempre acompanhado de um copo de água. Com o café na mesa os gregos ficam horas conversando ou jogando gamão.
Os cozinheiros gregos eram homens livres, que se gabavam de ter como antepassado Cadmus, fundador de Tebas e inventor da escrita. Chegaram até nós os nomes de alguns “chefs” famosos e na época da dominação romana houve mesmo algumas escolas de cozinhas em Atenas, onde eram organizados concursos. A culinária era, pois, uma profissão lucrativa e honrada.