História do Brigadeiro - Curso de Brigadeiros Gourmet
O leite condensado, um dos principais ingredientes do brigadeiro teve origem em 1820, quando parte da água do leite foi retirada e o restante armazenado em um local fechado e estéril, favorecendo a conservação e evitando a contaminação por microrganismos.
Mas na década de 1850, um americano desenvolveu e patenteou o leite condensado na tentativa de promover a maior durabilidade do leite de vaca fresco, de forma que pudesse ser armazenado e utilizado a qualquer momento, já que é um alimento altamente perecível.
Desde então, o leite condensado começou a ser usado em guerras para alimentar as tropas, pois tinha um transporte mais simples e fornecia a energia que os soldados precisavam.
Em virtude do seu sabor adocicado, acabou agradando o paladar de crianças e adultos, se tornou conhecido em todo o mundo, chegando no Brasil nas últimas décadas de 1800 e começou a ser fabricado no país, servindo como matéria-prima para a elaboração de muitos doces.
Uma dessas guloseimas é o brigadeiro, que nasceu no Brasil através de um acontecimento bem inusitado. O doce ganhou popularidade após o término da Segunda Guerra Mundial, por volta da década de 1940.
A Segunda Guerra Mundial provocou um racionamento na importação de produtos que eram fundamentais para a elaboração de doces e sobremesas, a exemplo das frutas, castanhas, açúcar e leite fresco, necessitando de alternativas para substituição desses itens.
A falta dos ingredientes precisava ser compensada com o que tinha disponível, nesse caso, o leite condensado. Como já era um produto produzido no Brasil e tinha um maior período de conservação, se tornou uma escolha para preparar os doces.
Esse período de escassez de produtos coincidiu com a eleição política nacional de 1946 e a conquista do direito ao voto para todas as mulheres do país.
Nessa época, as mulheres já eram unidas para alcançar a igualdade de voto, mas nem todas podiam votar. O voto era permitido apenas para algumas mulheres, as solteiras que trabalhavam, as viúvas e as casadas que tinham permissão concedida pelo marido.
Um dos candidatos à presidência deste período era o brigadeiro da Força Aérea Brasileira (FAB), Eduardo Gomes, que já era muito conhecido mesmo antes das eleições, por defender movimentos que reivindicavam as reformas sociais e era um opositor ao governo vigente de Getúlio Vargas.
Por conta disso, Eduardo Gomes se tornou o rosto de uma ação que tinha o objetivo de reestruturar políticas, ganhou o apoio de várias mulheres e se tornou muito popular entre elas. Um dos slogans da campanha do candidato era: “Vote no brigadeiro, que é bonito e solteiro”.
As mulheres admiradoras do candidato resolveram incentivar a sua candidatura política através da criação de festas para arrecadar dinheiro. Uma dessas mulheres era a doceira Heloísa Nabuco de Oliveira, que apoiava Eduardo Gomes e criou um docinho feito à base de leite condensado, manteiga e chocolate, chamado de brigadeiro, em conformidade ao cargo que Eduardo Gomes ocupava na aeronáutica, e tal doce era distribuído nos comícios, em semelhança ao que conhecemos hoje como “santinhos”, fornecendo maior visibilidade para ele.
Embora conheçamos o doce como brigadeiro, no Rio Grande do Sul ele assume um nome diferente, é chamado de negrinho. Historiadores contam que isso se deve ao fato do forte apoio popular que Getúlio Vargas tinha em seu estado de origem (Rio Grande do Sul), então as pessoas dali evitavam utilizar o termo “brigadeiro”.
No entanto, apesar da popularidade do doce e da candidatura de Eduardo Gomes ter se espalhado por todo o país, ele perdeu a eleição para o seu concorrente, o general Eurico Gaspar Dutra.
Mas o doce brigadeiro venceu o desafio e conquistou o paladar de todos os brasileiros, permanecendo no nosso cotidiano até hoje!
Ainda que essa história seja contada, a realidade é que não temos certeza se a origem da guloseima foi mesmo nesta época ou se o doce já existia com outro nome e apenas ganhou popularidade durante a década de 1940.
Desde então, o brigadeiro tradicional passou por diversas mudanças, o que trouxe inúmeros métodos para fazer o doce, com adaptações em ingredientes, nível de doçura, textura e intensidade do sabor do chocolate.
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