VINHOS
Vinhos
Para uma Europa representada classicamente pelos vinhos tintos italianos, franceses, espanhóis e portugueses, a viticultura alemã oferece uma alternativa em que ocorre a predominância dos vinhos brancos. Grosso modo, os atuais vinhedos da Alemanha acolhem 65% de castas brancas e 35% de tintas. Dentre as brancas, destacam-se Riesling, Müller-Thurgau, Silvaner, Kerner, Scheurebe e Bacchus.
As principais regiões produtoras são Rheinhessen e Palatinado (Pfalz). No estado da Renânia-Palatinado, a região do Ahr se destaca. Uma rota do vinho tinto se estende por 35 quilômetros ao longo desse rio, de Bad Bodendorf a Altenahr. A seguir, algumas das principais variedades de uvas tintas cultivadas na Alemanha:
Spätburgunder
Também conhecida como pinot noir, a variedade está para os tintos alemães assim como o riesling está para os brancos – ou seja, se trata de um vinho de qualidade elevada. A uva nobre é bastante antiga, tendo sido trazida para a região do Lago de Constança, no sul do país, no ano 884.
Hoje, o spätburgunder ocupa quase 12 mil hectares na Alemanha. As principais regiões produtoras são Baden, Palatinado, Rheinhessen, Württemberg, Rheingau e Ahr. Assim como vinhos tintos em geral, o spätburgunder é ideal para dias mais frios, devendo ser tomado a uma temperatura de 16 a 18 graus Celsius. Com aroma de frutas vermelhas e nuances de amêndoa, harmoniza bem com carnes assadas ou de caça ou com queijo.
Dornfelder
Ao contrário da primeira, a segunda variedade de uva tinta mais popular da Alemanha é bastante jovem, tendo sido criada propositalmente há pouco mais de meio século, em 1955. Ao cruzar as uvas Helfensteiner e Heroldrebe, o objetivo era dar mais cor aos tipicamente pálidos tintos alemães. O resultado é um vinho versátil, fresco e frutado, para o qual na Alemanha se dedicam hoje cerca de 8 mil hectares.
Palatinado e Rheinhessen são as principais regiões produtoras. Assim como seus pares, o Dornfelder também é ideal para o clima frio, e, quando um pouco envelhecido, combina com carnes de sabor forte e queijo. Quando jovem, pode ser apreciado levemente resfriado no verão. Gosto bastante do Dornfelder halbtrocken (meio-seco).
Portugieser
O terceiro vinho tinto mais produzido na Alemanha, ocupando 3.200 hectares, é descomplicado, leve, agradável e fresco. Palatinado, Rheinhessen e Ahr são as regiões que se destacam na produção da variedade. Quando jovem, o portugieser pode ser servido fresco, a uma temperatura de 14 a 16 graus Celsius. O vinho tem aroma de frutas, como amora, morango e cereja, e um toque apimentado.
Por ser versátil, combina com uma série de pratos. De cor rubi suave, tem geralmente teor alcoólico inferior ao de outros vinhos tintos. Apesar do nome, o portugieser não tem nada de português. Supõe-se que a variedade tenha se originado no Império Austro-Húngaro. Ela chegou à Alemanha via Áustria no século 19.
Trollinger
Muito apreciada na região cultural da Suábia, no sudoeste da Alemanha, a variedade ocupa entre 2 mil e 2.500 hectares no país. Em Württemberg, trollinger é a uva mais cultivada, e apenas 34 hectares fora da região vinícola são dedicados a ela. Conhecido como a "bebida nacional suábia", o trollinger é consumido quase diariamente por muitos habitantes da região, na companhia de pão, carne branca ou queijo fresco de sabor neutro.
O vinho é leve, de cor vermelho-claro e tem aromas florais com um toque de noz-moscada. Deve ser servido jovem.
Outras variedades
Além das variedades acimas, as principais uvas tintas produzidas na Alemanha são: schwarzriesling, blauer lemberger, regent, saint laurent, cabernet sauvignon, domina, acolon e merlot.
Classificação dos vinhos
A classificação dos vinhos alemães segue dois critérios principais: a doçura e a qualidade. Confira, a seguir, os detalhes sobre cada uma:
Classificação quanto a doçura
Trocken é o termo usado para vinhos secos, com no máximo 9 gramas por litro de açúcar residual. São vinhos quase completamente ou completamente fermentados. Por conter pouco açúcar não fermentado, costuma-se perceber mais a acidez num vinho trocken. A seguir, vêm a categoria halbtrocken, ou seja, meio-seco. São vinhos levemente doces.
Podem conter até 18 gramas por litro de açúcar residual se a quantidade de açúcar não superar a de ácido em mais de 10 gramas. A fórmula é: ácido + 10 = no máximo 18. A próxima categoria é a lieblich, termo usado desde para descrever uma pessoa amável, até para vinhos doces, com até 45 gramas por litro de açúcar residual. O riesling lieblich é muito comum, por exemplo. Por fim, há a categoria süß, que significa doce e compreende vinhos com mais de 45 gramas de açúcar por litro.
Classificação por qualidade
Os vinhos mais básicos são indicados com o termo Deutscher Wein (vinho alemão), que substituiu a antiga denominação Tafelwein (vinho de mesa). Estes vinhos devem ser feitos somente com uvas locais de vinhas aprovadas, mas as exigências quanto à qualidade não são tão altas como nas outras categorias. Em relação aos demais grupos, é pouco produzido na Alemanha.
A seguir, vem a categoria intermediária Deutscher Landwein. Diferente do grupo mais básico, este inclui apenas vinhos com origem geográfica protegida. Trata-se de um tipo de vinho descomplicado, típico de uma determinada região, geralmente com rótulo simples. É produzido principalmente nas versões trocken e halbtrocken.
A seguir, há a categoria Qualitätswein, que inclui a maior parte dos vinhos produzidos na Alemanha. Para receber esse selo de qualidade, o vinho deve proceder 100% de umas das 13 regiões vinícolas autorizadas do país (Anbaugebiete), como Mosel, Baden ou Franken. Além disso, deve passar por uma análise de qualidade regulamentada, que inclui um controle sensorial do vinho.
No topo da pirâmide da qualidade está a categoria Prädikatswein, para a qual são necessários o mais altos requisitos de qualidade, levando em conta aspectos como harmonia e elegância. A este tipo de vinho não pode ser adicionado açúcar durante o processo de produção e há seis subcategorias de Prädikatswein: Kabinett, Spätlese, Auslese, Beerenauslese, Trockenbeerenauslese e Eiswein.
A denominação Kabinett é a mais básica e indica vinhos leves e delicados, com baixo teor alcoólico. Os vinhos Spätlese são feitos com uvas cultivadas em regiões com bastante sol e colhidas mais tarde que as dos Kabinett (em alemão, spät quer dizer tarde), ao menos sete dias após a colheita usual. Pelas uvas serem mais maduras, contêm mais açúcar. Mas o vinho resultante pode ser tanto doce quanto seco.
Os vinhos Auslese, por sua vez, são feitos com uvas mais maduras ainda e selecionadas. Uvas danificadas ou que não estiverem no ponto certo de maturação ficam de fora do processo de produção. A maioria dos vinhos desta categoria são doces, mas existem versões trocken. No caso dos Beerenauslese, a seleção é mais minuciosa ainda, feita bago por bago.
Dá mais trabalho, e, por isso, esse tipo de vinho é produzido em pequena quantidade. As uvas usadas são extremamente maduras, no estado chamado de podridão nobre – atacadas, mas não danificadas, pelo fungo Botrytis cinerea, o que só ocorre em condições climáticas específicas. O resultado é um vinho com altíssimo teor de açúcar e baixo teor alcoólico.
Mais acima, estão os Trockenbeerenauslese, feitos com bagos secos (como uvas-passas), supermaduros e selecionados. Também são vinhos bastante doces, com aspecto de mel. Como são necessárias condições climáticas muito específicas, não é possível produzir essa categoria todos os anos, o que a faz ser considerada nobre. Por fim, está o Eiswein, feito com uvas congeladas.
As uvas são deixadas nas videiras até o auge do inverno e há o risco de perder toda a colheita. Depois, são colhidas a uma temperatura de - 7 °C para baixo e prensadas imediatamente. O vinho resultante é denso e com alto teor de açúcar, ideal para a sobremesa.
Este artigo pertence ao Curso de Culinária Alemã
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