Fatores de risco nas atividades desenvolvidas pelos agentes de combate às endemias
Foram identificadas diversas condições que podem predispor os Agentes de Combate às Endemias (ACE) a desenvolverem doenças ou agravos à saúde. Isso inclui uma infraestrutura de trabalho precária, espaços físicos inadequados e armazenamento incorreto dos materiais utilizados no controle vetorial.
Além disso, a falta de um local de trabalho fixo expõe os ACE às intempéries e à violência urbana durante suas atividades de campo. O reconhecimento profissional limitado, tanto institucionalmente quanto pela comunidade, e a pressão por cumprimento de metas também contribuem para baixa autoestima e desmotivação.
A ausência de informações sobre os produtos utilizados pode resultar em danos à saúde devido ao desconhecimento dos riscos envolvidos.
Historicamente, os ACE enfrentam uma variedade de riscos à saúde, desde a exposição em áreas endêmicas até o manuseio de substâncias tóxicas usadas no controle de mosquitos (TORRES, 2009).
Esses riscos incluem fatores químicos, ergonômicos, sociais, físicos, biológicos, mecânicos e de acidentes, que muitas vezes ocorrem simultaneamente, aumentando o risco de desenvolvimento de doenças e lesões entre esses profissionais.
- Riscos físicos
Durante suas atividades, os Agentes de Combate às Endemias (ACE) enfrentam diversos riscos físicos. Eles estão frequentemente expostos à radiação solar, que constitui uma forma de radiação não ionizante, além de lidarem com variações de temperatura, como calor, frio e umidade.
Além disso, os ACE podem ser expostos a ruídos devido ao uso de equipamentos como moto bombas costais, nebulizadores portáteis e nebulizadores pesados usados no controle de vetores. Esses fatores podem representar riscos significativos para a saúde dos ACE durante a realização de suas atividades de campo.
- Riscos biológicos
Assim como outros profissionais da área da saúde, os Agentes de Combate às Endemias (ACE) estão sujeitos à exposição a agentes biológicos, incluindo fungos, vírus, bactérias, parasitas, bacilos e protozoários, o que aumenta o risco de adquirir doenças e agravos transmitidos por esses patógenos.
O contato frequente com a população, vetores e reservatórios de doenças durante suas atividades diárias aumenta a probabilidade de desenvolver tais condições entre esses trabalhadores.
Além disso, durante as visitas domiciliares, os ACE podem estar expostos a águas contaminadas, resíduos sólidos e esgoto devido às condições precárias de saneamento ambiental em algumas áreas, o que também contribui para o aumento do risco de doenças.
- Riscos químicos
Historicamente utilizados nos serviços de saúde pública para controlar endemias, os inseticidas representam um dos principais riscos para a saúde dos trabalhadores e o meio ambiente. Esses produtos podem ser absorvidos através da respiração, contato com a pele ou ingestão.
Os inseticidas são amplamente utilizados em programas de controle de doenças transmitidas por vetores, apesar de uma tendência global de substituí-los por métodos alternativos.
A seleção desses produtos é baseada na busca por substâncias seguras e eficazes para uso em saúde pública, muitas das quais também são usadas na agricultura.
Dependendo do contexto de uso, um mesmo princípio ativo pode ser classificado como "agrotóxico" pelo Ministério da Agricultura ou como "desinfestante" pela vigilância sanitária, mas, independentemente do termo, são produtos químicos com diferentes níveis de toxicidade que devem ser manipulados com precaução (Lei no 7.802, de 11 de julho de 1989 - "Lei dos agrotóxicos"; Lei no 6.360, de 23 de setembro de 1976).
Dentre os profissionais de saúde, os ACE são os mais expostos aos inseticidas durante as campanhas de controle vetorial. Desde o fracionamento e preparo até a aplicação, eles lidam com inseticidas, além de participarem do armazenamento, transporte, uso e descarte desses produtos, bem como da limpeza e manutenção dos equipamentos de pulverização e veículos.
Este artigo pertence ao Curso de Agente de Endemias
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